Fim do Papel, Inicio da Era Digital...

Texto: André Torres

Ao lermos o titulo desta mesma crónica, colocamo-nos inconscientemente numa posição de duvida, e até atrevo-me a dizer numa postura hipócrita, em relação a um tema tão “batido”, nestes últimos tempos. E será que acreditamos fielmente que o fim do papel está a bater a porta? – Pois porventura, ainda nem sequer paramos para pensar em tal hipótese, que por mais que digamos que não, é para esse fim que caminha a situação. Pode não ser agora, mas futuramente é o que se adivinha que venha acontecer, não por completo,  mas com um valor demasiadamente grandioso. 

Ao falar neste tom, até posso ser apontado, como um violador da era em que temos que optar por materiais sustentáveis, de facto, é uma preocupação que também a mim me afecta, e não é com carinho que vejo o desperdício de papel que se tem feito nestes últimos anos, mas não podemos deixar de parte, o que papel trouxe até nós. Os conhecimentos, que eles guardaram durante décadas, a sua magnifica textura, e leveza, os nossos primeiros traços, e a nossa primeira caligrafia, os estudos feitos neles mesmos, os rascunhos e ideais que chegaram até nós, o numero infindável de cartas que transmitiram pensamentos, uniram pessoas, e criaram relações, neste momento estou mesmo a imaginar uma verdadeira história de amor, em que o papel foi sem duvida os padrinhos de casamento. Combateram lado a lado, a saudade, a tristeza, e a alegria. Acompanharam-nos desde de sempre, e como a mim, não penso que alguém se lembre de nunca ter tocado numa folha de papel pela primeira vez, como se tivéssemos sentido uma vida, que está ali para nos ouvir, e para nos ver. E quando falamos neste BOOM na sociedade que é a era digital, será que nos dá tanta alegria, tanto encanto, que o seu toque (touch) seja tão incrível, como a primeira vez que pousamos, caneta sobre papel? Será que os inúmeros efeitos desses novos gadget´s que nos permitem fazer variadíssimas situações, têm o mesmo encanto, que abrir um livro, e sentir o seu cheiro, e o forte conhecimento que o abrange?

Eu não sou nenhum médium, e provavelmente se um dia o papel desaparecer de verdade, e se tornar Lenda, eu provavelmente não estarei cá, mas com muita tristeza minha, que de geração em geração se venha a perder o carinho que este “ser vivo”, se assim o puder chamar, tem na nossa sociedade. A solução, não passa em abusa-lo, mas sim usa-lo com consciência do seu valor. Usá-lo com dignidade, e carinho, e acima de tudo respeito. Pois ele (papel) sempre teve aqui por nós, assim como os seus criadores, as nossa queridas Árvores.







1 comentário:

  1. Rui Costa (Tarum)23 maio, 2012

    Muito bom! "que abrir um livro, e sentir o seu cheiro" é das melhores sensações do mundo! Parabéns!

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